palavras que não sei dizer
Palavras que não sei sentir
Coisas que não te sei fazer...
Jorram dos meus dedos as palavras
Pois perto de ti fico mudo,
Brota em mim o que tu lavras,
Pra ti é nada, pra mim é tudo!
Brotam trepadeiras esquivas
Que nos tentam unir, prender
Mas tu és pássaro livre
Maré nenhuma te há de deter
Brota a força da natureza
Desumana até, talvez
Que em ti tudo é visceral,
Ou um lindo lírio, na tua tez
Tez de fada, mãos de amante,
Voz regada a doce mel.
Tenacidade cortante
No cheiro da tua pele...
Jorram dos meus dedos as palavras
Que nunca hás de saber,
E no brilho dos meus olhos,
Só verás amor, admiração, querer..
Jorra enfim na minha mente
A imaginação do que poderia ser...
Uma fonte inesgotável
De admiração, dor e prazer!
Amo-te
As pessoas dizem frases como "ai, andei as voltas para conseguir estacionar o carro..." ou " andei às voltas para conseguir um emprego" ou ainda na vertente de, numa classe mais alta do que a que andou às voltas para conseguir um emprego, "ai, fartei-me de andar às voltas para conseguir encontrar a prenda para o Manelinho!".
Pois...não entendo. O mundo anda às voltas. No fundo, e estando nós de pés assentes no mundo,não temos grandes alternativas senão andar às voltas com ele. Mas a questão aqui é que não vejo o mal de andar as voltas.
Eu gostava de poder andar sempre às voltas....Como faço quando saio deste mundo, o tal que anda às voltas, e flutuo. E a flutuar consigo andar as voltas. E isso faz-me feliz. Flutuo por cima de recordações que me fazem sorrir, flutuo sobre o final perfeito para a história que foi escrita para ser perfeita, flutuo até noutros países, flutuo com pessoas que não conheço. Flutuo com ele, Flutuo com ela, flutuo com o amor ou sem o amor, as voltas são sempre diferentes. Mas são sempre voltas. E mais voltas.
Às vezes não entendo como podem as pessoas não entender que a nossa vida é feita de voltas. Nascemos. Podemos nascer numa família feliz, ou ser abandonados num saco de lixo...porque em determinado momento, a historia de vida de duas pessoas deu uma volta, que as fez encontrarem-se, e,por algum motivo, fornicarem - há quem ache a palavra fornicar feia...eu não a acho particularmente bonita, mas há muitas palavras que não acho bonitas e que toda a gente diz. Não entendo a implicância específica com a palavra fornicar. Mas de qualquer forma, bonita ou não, lá aconteceu. E por isso nascemos. E pelo simples facto de nascer, a nossa vida dá uma volta.
Crescemos e as voltas são cada vez mais. "Se o Martinzinho não tivesse caído do carrinho quando era mais pequeno, agora já saberia andar, de certeza!". Ou "A Beatriz tem muito jeito para desenhar!" dito por uns pais que valorizam esse dom na criança, ou simplesmente o elogiam porque é criança e depois esquecem. Aí está uma grande volta que todas as nossas vidas podem dar. A partir daí, crescemos e tornamo-nos mais conscientes. Se os nossos pais nos continuaram a apoiar, concerteza desenhamos muito melhor agora...e talvez, se gostamos mesmo de desenhar, queiramos pintar o tecto da maior igreja do mundo!
Aqui está aquela volta importante: se fomos incentivados a sonhar, então não devemos ter medo de abraçar o mundo. Ou a vertente contrária, começamos a ser maiores , e os nossos desenhos já cansam. "Ai, lá esta o Carlos com os seus desenhos!" ou "Ai rapaz, porque que não vais brincar com os carrinhos? Só desenhas, parece que não sabes fazer mais nada!"...então é aí a primeira vez que aprendemos que sonhar não vale a pena. Que afinal, o que temos que saber são outras coisas. Muitas coisas, é muito mais importante do que saber muito sobre o que se ama. Se calhar é melhor não sonhar, lutar por uma vida igual à das pessoas normais.
"Pessoas normais". Ora aí está mais um a expressão que me intriga. O que é uma pessoa normal? Já fiz esta pergunta a algumas pessoas, que olharam para mim como se eu tivesse vindo de um planeta estranho, onde coisas importantes como perceber porque dizemos que determinada pessoa é normal, fossem isso mesmo, importantes.
Algumas ignoraram-me...outras responderam coisas parecidas. Algo como " uma pessoa normal é uma pessoa que vai prá escola, tira boas notas, depois tira um curso, tem uma namorada há já alguns anos, e quando estiver seguro no trabalho que arranja depois do curso, pede a namorada em casamento. Casam, e quando tudo o que querem na casa estiver perfeito, pensam em ter um filho. Depois continuam a trabalhar, a deixar os filhos com pessoas que tiraram um curso para poder cuidar deles, ao fim da tarde chegam cansados, põem a criança distraída com qualquer coisa, ela faz o jantar, passado um pouco vão-se deitar para repetir tudo no dia seguinte, depois o filho cresce e transforma-se num dos pais. É assim".
Claro que ninguém me deu esta resposta objectivamente, apenas faço um resumo da interpretação que fiz do que ouvi.
Voltando às voltas, eu queria andar às voltas. Ia conhecer um bocadinho de cada cultura do mundo. Todas elas têm encanto, quanto mais não seja pelo facto de serem seguidas por gerações e gerações de pessoas, mesmo sabendo que ali ao lado, existem outras pessoas, que concerteza, seja qual for a cultura, são diferentes. A sua cultura é assim que vai continuar a ser. E isto tudo se passa no tal mundo que anda às voltas, que curiosamente é o mesmo para as pessoas normais de cada cultura diferente, e também para aqueles que,supostamente, não o são.
Em relação à voltas da vida, imaginem como um só momento pode dar a volta à vida de alguém. Faz frio, ele gosta dela, ela gosta dele. Vão juntos no autocarro, a pensar no quanto gostariam que aquela fosse a pessoa com quem iam partilhar toda ou uma parte da sua vida. Saem do autocarro, ela vai ao shopping ter com as amigas, ele vai a uma loja onde combinou com um colega. E param naquela esquina. Se fosse um filme, este momento seria em câmara lenta. É naquela esquina que a vida dos dois pode mudar, é naquele local, onde dois caminhos se cruzam, que o futuro deles se cruza. Ele pensa em agarra-lhe a mão. Ela deseja mais do que tudo que ele a beije. Ele hesita. Ela anseia. Acabam por se despedir com dois beijos, e não voltarem a ver-se. Uma volta.
Quem sabe se, depois de mil voltas, se irão reencontrar, e ficar juntos para sempre. Depois de, em muitas voltas, ela estar já com o cabelo todo branco, e ele quase sem nenhum. E aí está uma volta, que, apesar de no meio ter tido muitas voltas, é feliz.
Não há que ter medo das voltas da vida...às vezes fazem-nos sofrer, mas no fim levam-nos ao local certo! Que é exactamente aquele onde estamos!
Beijinhos Sofy
"É só mais um dia mau". Acordo com o som dos Ornatos Violeta a ecoar-me na cabeça, cabeça essa que concerteza absorveu qualquer espécie de poder de sensibilidade à dor, que quase não me permite virá-la sem um sonoro AI!
Auguriam-se 24 horas de puro prazer...relativo, claro. Depende. O prazer não será meu, mas talvez alguns inimigos sintam gosto em saber que vou passar um dia inteiro a trabalhar, a aturar as suas conversas, a ter que pensar em tudo e mais alguma coisa, com uma cabeça que mais valia estar oca do que com uma pedra imaginária e uma musica pessimista. Perspectivas...
Bem, parece que vou mesmo ter que me levantar. Um banho pode ajudar...ou não. Mas lá vou eu, com o meu gel de banho com cheiro a manga laranja ou qualquer mistura tropical do género, meter-me debaixo do chuveiro. Não faço idéia do que vou vestir, palpita-me que nada me vai ficar bem. Comecemos por esticar o cabelo...ok, vamos prendê-lo, é sem duvida um dia de cabelo-não-solto. Roupa...estas calças...não, estão apertadas. A blusa verde...vesti a semana passada e a burra da minha colega do departamento de contabilidade comentou em como tinha visto uma igualzinha na loja dos chineses. Talvez uma saia...a preta. É isso mesmo. AAAAAAAAHHHHHH! Tem o fecho avariado! Começo a ter vontade de fazer a vontade à pedra na minha cabeça e a deitá-la em qualquer sitio minimamente almofadado. Mas não. Vamos lá. O vestido novo. Sim, fica bem. Finalmente. Sapatos pretos...cunha ou salto alto? Não gosto de ver com nenhum. Mas sapatp raso também não tem a ver com o estilo...Vou levar os de cunha, sempre há menos possibilidade de cair no meio do átrio de entrada da empresa à hora em que todos estão a sair para almoçar (isto de imaginar algo mau imagina-se logo em grande!).
Chaves do carro, casaco, mala, carteira, documentos, parece que está tudo. Aposto que vai estar uma fila enorme de 8km provocada por algum acidente estupido. Mas lá vai ter que ser.
Entro no carro, está tudo bem até à entrada da auto estrada. Entretanto dá a minha musica preferida na rádio, o que me provoca um sorriso involuntário. E não está trânsito. Aliás, chego ao trabalho 15 minutos antes e encontro-me com a Joana, velha companheira de formação, transferida para outro departamento, com quem não falo ao tempo. Vamos tomar um café e ela dá-me uma grande novidade: vai ser mãe, coisa com que sonhava há anos! Desta vez o sorriso pela sua felicidade foi mesmo de orelha a orelha.
Hora de entrada. A D.Paula da recepção elogia o meu vestido. Subo e o meu chefe dá-me a novidade de que tenho que escrever um artigo sobre o lançamento da nova colecção da Tiphany's. Pormenor: o lançamento vai ser em Milão. Só não dou pulos de alegria porque convém pelo menos parecer profissional quando se está com o chefe. E também porque da ultima vez que saltei com sandálias de cunha torci o pé...
Entretanto toca o telemóvel. Tinha ligado no auge do meu mau humor matinal para a minha mãe. Era ela, com voz preocupada. "Filha, estás melhor?" , pensei por momentos e respondi..."mas mãe, melhor de quê?"
O meu dia mau tinha-se tornado maravilhoso!
Não é fantástica a surpresa que é a vida, aqui demonstrada num caso tão pequeno no meio de uma imensidão de vidas e histórias?
Viva a vida! E a Tiphany's! :)
Isto é para ti. Não sei o que é isto. Sei que existe porque o movimento dos meus dedos me o demonstra e sei que é para ti porque, neste momento, nada mais existe no meu pensamento.
Isto é para ti.
Podia ser uma história.
Podia ser um poema.
Podia ser uma dissertação.
Podia.
Mas não é. É isto.
Porque me aborrecem os conceitos. Porque em cada conceito nada mais vejo do que uma clausura, uma jaula em que nos apoiamos para nos definirmos e que, invariavelmente, nos nega a visão absoluta das coisas. Nos nega o infintio.
Isto é o infinito. E é para ti. Porque me devolveste algo que um dia perdi. Porque em ti trazes a essência de algo que está para lá da compreensão possível. Para lá da compreensão impossíviel.
Somos uma história que rasga os dias. Somos uma lenda que que incendeia os momentos. Somos um sonho que jorra em golfadas de luz por entre um mundo absurdamente cinzento. De pessoas cinzentas. De cores que desistem e se esbatem até que apenas o cinzento delas resta. Como se de um obituário cromático se tratasse.
Somos um movimento em sentido contrário ao movimento do movimento que disciplina todas as coisas que se movem.
Não há disciplina que se nos imponha. Porque somos um sonho. Porque juntos, temos a impertinência de viver cores que tomam conta dos dias, devolvendo-lhes a brutalidade cromática que um dia um deus sonhou.
Em todos os momentos, o que somos podia ser escrito em palavras que não existem. Em palavras qu não exisitirão nunca. Uma vez mais, poque todas as palavras são uma clausura. E o carbono que dança entre os filamentos do nosso adn, é puro e, como todas as coisas puras, é infinito.
Mil vezes nos mergulhamos nas labaredas de uma história irepetível. Cada conversa, cada olhar, cada soriso, cada silêncio, cada gesto, cada quase gesto, cada tudo, cada nada, e cada tudo o que não é tudo nem é nada e é, ao mesmo tempo, tudo e nada, e, ao mesmo tempo ainda, quase nada e quase tudo alternadamente.
Isto que escrevo para ti é o movimento do meu corpo e do teu. Rasgando os dias, como se fôssemos vento. Rasgando os dias como se fôssemos enormes massas de água indomáveis. Rasgando os dias como se fôssemos labaredas de um fogo que apenas um deus poderia ter sonhado.
Isto que escrevo é o movimento do meu corpo e do teu. É a própria essência do amor. Só que o amor não tem essência. E o amor não existe. Mas nós violentamos as regras da lógica e do absurdo e o amor que não existe, existe quando entras na minha vida e a enches com toda a luz do mundo. E a essência que não existe do amor que não existe, existe quando entras nos meus dias e eu sinto que todas as cores do mundo se agitam em meu redor.
Vejo-te por entre uma embrriaguez de sentidos. Vejo-te por ente constantes desafios de pensamento e não pensamento. Vejo-te por entre uma realidade que não suporta a leveza do peso absurdo de duas almas que se amam na fragilidade invencível de um sonho.
Vejo-te por entre uma não realidade que se verga perante a violência divina de dois corpos que se fodem como se fodessem pela primeira vez, pela última vez, por todas as vezes. Como dois corpos que se fodem como se hasteassem bandeiras de sonho em locais desconhecidos de um um mundo sem nome a que eu chamo amor, a que eu chamo o teu próprio nome.
Somos uma lenda. Somos um poema. Somos algo que está perto disto. Algo que vive para lá das fronteiras.
Para lá do fim do mundo. Para cá do princípio do mundo. Onde não existem fomas de entrar ou sair da realidade.
Num mundo em que todas as portas estão fechadas.
Mas em que nós desenhamos janelas, e uma e outra vez, nos reencontramos enquanto o carbono dança, por entre os filamentos do nosso adn, essa dança de loucura, de sonho, de infinito, paixão e amor.
Ricardo
Mas voltando a hoje. Arrumei, deitei fora papéis, usei a pré estabelecida "gaveta" (aquela gaveta que todos temos em casa em que acaba por se por tudo o que não se sabe mais onde há de por) e aproveitei-a bem, arejei, sacudi o edredão, fiz uma sopa de peixe deliciosa (modéstia à parte) e no fim senti-me feliz :)
Se tivesse acordado e alguém me tivesse dito: SOFIA VAI ARRUMAR QUE A CASA ESTÁ UM NOJO", provavelmente eu teria dado meia volta na cama, murmurado um "já vou" entre dentes, voltando a adormecer e passado a tarde a ver TV ou outra banalidade. Mas não. Foi livre e espontânea vontade. E agora vem a reflexão: não deveríamos fazer mais coisas por livre e espontânea vontade???
Claro que não estou a falar de atirar uma pedra à cabeça de alguém (não que não apetecesse, a certas pessoas, mas isso seria um sinal de insanidade mental...), mas...uma coisa simples. Dançar! Quantos de vocês dançam porque vos apetece? Quando vos apetece?
Experimentem por uma musica que vos faça ter vontade de mexer. Fechem os olhos e esqueçam tudo, como se só houvesse o som e o vosso corpo. Vão dançar como nunca o fizeram e no fim sentir-se libertos de algo ao qual nem sabiam estar presos! Chamam-se preconceitos :)
Não é de propósito, mas há tanta coisa que fomos apreendendo que nos foi incutido, que nos esquecemos que temos uma "livre e espontânea vontade". Queremos jogar futebol. Mas "não dá tempo, estou cansado, tenho que ir às compras..." e que tal NÃO pensar essas coisas? Ser um pouco impulsivo? Acaba-se o jogo e o cansaço passa de cansaço a "cansaço bom", como aquele em que passamos horas a fazer amor e acabamos exaustos...
Há anos que auerem tirar um curso de fotografia. Mas agora não dá jeito, depois vem os bebés o tempo escasseia, continua a amar-se fotografar mas ficamos pela nossa digital nas festas de família. E que ta, arriscar? Será que isso ,eventualmente, não poderá transformar-nos nos "melhores fotógrafos da familia" aos melhores da cidade ou mais ainda??? Ou apenas trazer-nos arealização de termos feito algo que sempre quisemos??
"Cozinhar o meu prato preferido. Oh, da muito trabalho, vou ver a novela". Não! Afinal, de certeza que depois do jantar, vai haver uma sensação tão boa de satisfação e realização, que nem se vai lembrar que existe uma coisa chamada novela! :)
Vamos agir mais de livre e espontânea vontade? Vamos dançar, cantar, saltar, gritar, andar de bicicleta, comer um bolo, abraçar um amigo, dar um beijo ao nosso pai, ligar à nossa amiga da Suíça... seremos todos mais felizes. Que acham??
Um pouco extremista talvez...mas comecemos por aplicar às pequenas coisas. Tenho a certeza que algo vai mudar. Nem que seja um bocadinho. E para melhor...não é bom mudar para melhor?
:)
Beijinhos e abraços! Bora dançar? ;)
Sofy
Etiquetas: casa, dançar. livre, vontade
Hoje estava a pensar no sonho que me acompanhou durante a noite, e sem querer entrei em retrospectiva e lembrei-me desse tempo. Na verdade, eu continuo a sonhar imenso. Acordada também, mas isso é outra história.
Durante a noite, passam-se as coisas mais disparatadas pela minha mente, sem eu ter qualquer controlo sobre elas, e na maior parte das vezes, sequer uma ponta de compreensão. Mas se o meu filho me pergunta o que sonhei, é muito raro responder "não me lembro".
Sonhei, por exemplo, que estava noutra cidade e não conhecia ninguém. De repente avisto um taxi ao longe e vejo uma cara conhecida. Era a ex-mulher do meu companheiro. Mas eu precisava mesmo daquele taxi. No entanto, ela não me deixava entrar. Ok, não é preciso ser um estudioso da matéria para tentar analisar este sonho, faz sentido, se misturarmos eventuais sinais do sub consciente dos quais não damos conta durante o dia... Agora, por outro lado, também sonhei uma noite destas, que o Jon Bon Jovi andava num hipermercado comigo ao colo, a tentar cortar caminho por entre uma multidão para chegar a um carro antigo americano, no qual fizemos uma corrida para chegar a um café...cheio de guitarras cor de rosa!!! Que sonho é este?!?? E de onde saiu?...
Bem, talvez seja melhor não pensar muito nisso, até porque se tornaria numa espécie de ciclo vicioso, se de noite eu sonhasse coisas estranhas, e de dia passasse o tempo a pensar nelas e a tentar analisá-las. Vamos interpretar isto como uma mente criativa...ou então, ler um livro qualquer sobre Freud e chegar à conclusão de que sou uma tarada sexual (na verdade não importava muito o que eu sonhasse, acho que lendo um livro de Freud sobre o assunto a conclusão seria sempre essa...).
E vocês? O que sonharam na noite passada?
Sofy
Etiquetas: sonhos
"O Louco é o vigésimo segundo Arcano maior do Tarot, ou, simplesmente, o número 0, conforme os baralhos. Esta carta representa um jovem leve e solto, que caminha a tocar flauta. À sua frente está um precipício. Tem uma trouxa às costas, há uma borboleta que voa por ali e um cão que lhe morde o calcanhar(...)pode significar que o Louco partiu em busca de algo que procurava, como um desejo que de repente extravasa, uma busca que foi sufocada durante muito tempo."
Esoterismos à parte. A carta representa um jovem (que podia ser eu, ou tu) a sentir-se livre o suficiente para seguir o seu próprio caminho, mesmo sabendo que pelo meio podem aparecer alguns precipícios. Este está tão deslumbrado com a beleza da borboleta, que o facto do cão o estar a avisar que pode cair lhe é indiferente. Está inebriado, quase que enfeitiçado por aquele ser que esvoaça livremente, de uma beleza indescritível, despreocupadamente, como se o Mundo lhe pertencesse. No fundo, era assim que o jovem queria ser. Era assim que eu queria ser. Mas chamam-me, tal como a ele, louca.
O Mundo tem caminhos infinitos que podemos seguir.Fazendo um desenho mental, imaginemos rectas, cuzamentos, linhas paralelas, curvas apertadas, becos sem saída, linhas convergentes. Nós andamos por aí, por cima de todas elas. O jovem considerado "normal", segue pela linha recta, de preferência paralela à dos seus pais, ou a aluém que os seus pais gostariam que ele fosse. O louco não. Vira em cruzamentos com curvas apertadas, volta para trás por um caminho diferente quando encontra um beco sem saída, procura linhas paralelas concorrentes ou perpendiculares, ou seja, sente-se livre para fazer o que acha correcto. Não o que os outros acham correcto. E por isso é considerado louco.
Mas se pensarmos e imaginarmos que todos seguimos por linhas paralelas, há de haver alguém que segue a mesma linha em sentido contrário e aí talvez pensemos "olha!finalmente alguém no mesmo caminho que eu! Encontrei o amor"! E aí seguem na sua linha paralela, casam, têm filhos, casa, carro, lcd, playstation xpto, dinheiro, dinheiro, dinheiro. Mas sempre na linha recta. Os pais são elogiados " O sr. Almeida teve muita sorte com o filho que teve! Por acaso o rapaz é atinadinho, olha que casou com uma moça que é advogada e têm uma boa casa ali na Foz!". A questão é: são felizes?
Voltemos à perspectiva do louco. O louco VIVE. O louco tem sensibilidade e tempo para parar e olhar para a borboleta. Nem que isso apenas lhe traga um sorriso. É um momento de felicidade. O louco não procura o amor, o amor encontra o louco. E quando o encontra não é por acaso, porque caminhava na mesma linha que alguém. Quando o encontra é arrebatador, apaixonado, o louco faz tudo pela felicidade de quem ama. Porque, dando-lhe o nome que quisermos, encontrou a sua metade. Sem a procurar. Simplesmente porque ela também vagueava em busca de coisas bonitas e felicidade.
Podem ser também advogados, mas são-no por paixão à advocacia. Ou à medicina. Não por parecer bem, pelo status social ou porque os pais quiseram. Têm filhos, porque se amam, e os filhos vêm consolidar esse amor. Em vez de advogados, podem ser artistas, monitores de paintball, apanhadores de lixo, empregadas domésticas. Podem morar numa casa pequenina, sem lcd, sem playstation, mas de certeza que aquela criança vai ser uma das crianças mais feliz do mundo! Tal como os seus pais, um dia morrerão e sentirão que VIVERAM, AMARAM, SENTIRAM de verdade. E nunca lhes faltará o essencial: o amor. Claro que aí os vizinhos, nas suas linhas paralelas, gritarão uns para os outros "coitada da filha da dona Lurdinhas, vê lá, engravidou sem casar, anda aí nas limpezas, é uma desgraçada!" E a louca da filha da dona Lurdinhas conhece um sentimento que eles nunca sequer conseguirão entender, muito menos sentir. E nem sequer perde tempo que pode aproveitar a ver e fazer coisas bonitas com quem ama(mesmo que seja ela própria)com coisas irrelevantes de pessoas que foram ensinadas a ser como são e a criticar quem se atreve a não ser igual.
Esta divagação vem a propósito de uma frase que me foi dita hoje, que resumida diz que quando tudo acabar, finalmente as pessoas vão perceber que o dinheiro não se come.
Sejam felizes! Se precisarem pesquisem o verdadeiro significado de felicidade! Sabem porque é que 1/3 da população só na cidade Porto sofre de depressão? Adivinhem... Sigam os VOSSOS sonhos! E se me consideram uma louca...então sigam as vossas linhas rectas. Não vos censuro. Apenas somos diferentes, pela forma como deixamos sair de dentro de nós o verdadeiro eu...
Sofy
Etiquetas: felicidade, linhas, louco. borbolrtas, paralelas
"say goodbye to the world you thought you lived in"
0 comentários Publicada por Ric e Sofy à(s) 06:03Quando somos crianças, tudo é feito e construído à nossa medida. Todos os cuidados são poucos, todas as atenções são redobradas, os elogios são o nosso dia a dia. De repente somos largados assim, num mundo que desconhecemos. Onde estão os adultos para nos proteger???Ups, os adultos somos nós!!! O que fazemos agora???
Podemos saber lidar com isto, se durante a nossa infância tivermos ganho defesas, através das frustrações. Pior é quando não nos deixam lidar com elas, e consequentemente não aprendemos. E aí vem o "outro mundo". Assustador e enorme. Com mentiras, cinismo, maldades,falsidades, traições, desilusões, crueldade. Com muitas outras coisas boas também. Mas com tudo o que nos atinge como um raio e nos assusta, qual bruxa de conto de fadas!
Claro que com o tempo aprendemos a lidar com tudo isto, quanto mais não seja por passarmos pelas situações mais do que uma vez...! Mas seja em que altura for, e por mais experiência que tenhamos, somos apanhados de surpresa por mais uma face do tal mundo desconhecido.
... deixar de ser unico e especial. Passar a ser só mais um...
"Say goodbye to the world you thought you lived in..."
- Sofy -
Água. É a primeira palavra. Depois vêm todas as outras. Todas as que simbolizam muito. E todas as que apenas preenchem os espaços onde o silêncio não faria sentido. Um mundo de palavras. Um mundo de conceitos. De ideias que se tocam. Se cruzam. Se amarram. Se amam. Se esquecem. Regressam. Nunca partindo. Voltando sempre do final de cada frase, para que nenhuma frase seja a última. Para que o futuro esteja sustentado ainda que seja numa palavra qualquer.
A primeira é água. Talvez porque a água me devolve o teu sorriso. Porque existe água na tua expressão facial. A pureza. A leveza. A frescura que alivia a minha alma por vezes demasiada pesada, demasiado turbulenta demasiado presa às coisas que não são da água. A água é o amor. A água é a paixão. A água é todas as coisas que tu és. Porque tomaste a água para ti na simbologia sagrada da tua existência dentro da minha alma. E a transformas em todas as coisas que és. Em todas as coisas que te vejo ser. Em todas as coisas que foste, já não és, voltarás a ser, nunca mais serás, talvez sejas sempre.
A água é o elemento mais puro que te simboliza dentro de mim. É a essência. É a tua essência. Ou, pelo menos, é a essência de ti dentro de mim, da imagem tua que construo, dessa imagem que me acompanha por entre os dias. Como se trouxesse água dentro do meu coração tão cheio de fogo. Como se fosse água que corre por entre as minhas veias, quando ouço a tua voz, quando te vejo, quando te toco, quando te recordo, quando te sonho.
Devolves-me algo da infância. Dessa pureza que procuro desde sempre. Como a água fresca que amava nos dias sufocantes do Verão. Como essa coisa mágica que flui por todas as partes do mundo, transparente, mostrando, a um mesmo tempo nessa transparência, a sua verdade e a verdade de todas as coisas.
O que quererá dizer tudo isto? Não sei. Pensei-te. E escorrias de uma forma pura, fresca, ao meu redor, dentro de mim, fora de mim, perto de mim, longe de mim, mas sempre, sempre tu-água-eu. E o resto são todas as palavras.
Desde a primeira. Desde a nascente. Desde a espuma que fica na areia e me lembra que tudo é eterno, que tudo regressa à primeira forma, e que a primeira forma é a última forma e todas formas entre uma e outra.
Há algo que me traz o primeiro segundo da minha vida.
Há algo que me traz um segundo anterior.
Algo na forma de tu fluires.
Como água. Pura, fresca, transparente, límpida, regeneradora.
Tu.
Mas todas elas têm algo em comum. Gastamos nem que seja um macro milésimo de segundo a processar que tipo de olhar vamos despender.
Olhamos e não há nada que nos interesse, o nosso cérebro percebe isso e prossegue. Olhamos e ficamos deslumbrados, aí sim, vale a pena gastar tempo a ver melhor.
No entanto esta questão do tempo é muito relativa. Se estivermos atrasados para ir trabalhar ou para apanhar o metro, podemos ficar fascinados com algo, mas não temos tempo de o olhar com a merecida atenção. E aqui dá-se o processo contrário: é o tempo que decide o tipo de olhar. Ou podemos estar sem nada de objectivo planeado para fazer, andar simplesmente a passear, e ficar a olhar para uma montra que, e aqui há várias hipóteses, não tem roupa nenhuma de jeito, não tem roupa nenhuma que possamos comprar por ser muito cara, não tem roupa que nos sirva ou que seja para a nossa idade. Enfim.
Lembro-me de uma ocasião em que gastei o meu tempo de uma forma que nunca esqueci. Algo aparentemente simples, e que provavelmente nenhum outro transeunte viu da mesma forma que eu.
Estava um senhor, estrangeiro, com um pequeno cão ao lado e um chapéu invertido para juntar algumas moedas, que tinha uma marioneta perfeita, uma boneca de porcelana a tocar violino, com um vestido comprido. Havia um rádio por trás a tocar musica clássica, e a boneca tocava na perfeição, com uma precisão de movimentos incrível. Sem me aperceber, mergulhei naquela fantasia, não haviam fios, apenas uma perfeita boneca de porcelana a tocar violino, graciosamente, numa rua onde passavam turistas e não só, cheia de movimento. E ela ali, grandiosa na sua pequenez, soava a uma melodia vinda de algo parecido com a ideia que temos do paraíso.
Não sei quanto tempo estive absorvida naquela confluência de sentidos, mas quando despertei senti-me tão bem, foi um momento de felicidade. E são tão raros momentos assim...
O tempo e a forma de ver as coisas podem nem sempre estar em consonância, mas há algo que só depende de nós, saber dar valor a pequenos instantes que nos colocam um sorriso no rosto!
Sofy
Etiquetas: boneca de porcelana, olhar, tempo, ver
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