a dança do carbono




Isto é para ti. Não sei o que é isto. Sei que existe porque o movimento dos meus dedos me o demonstra e sei que é para ti porque, neste momento, nada mais existe no meu pensamento.

Isto é para ti.

Podia ser uma história.

Podia ser um poema.

Podia ser uma dissertação.

Podia.

Mas não é. É isto.

Porque me aborrecem os conceitos. Porque em cada conceito nada mais vejo do que uma clausura, uma jaula em que nos apoiamos para nos definirmos e que, invariavelmente, nos nega a visão absoluta das coisas. Nos nega o infintio.


Isto é o infinito. E é para ti. Porque me devolveste algo que um dia perdi. Porque em ti trazes a essência de algo que está para lá da compreensão possível. Para lá da compreensão impossíviel.


Somos uma história que rasga os dias. Somos uma lenda que que incendeia os momentos. Somos um sonho que jorra em golfadas de luz por entre um mundo absurdamente cinzento. De pessoas cinzentas. De cores que desistem e se esbatem até que apenas o cinzento delas resta. Como se de um obituário cromático se tratasse.

Somos um movimento em sentido contrário ao movimento do movimento que disciplina todas as coisas que se movem.


Não há disciplina que se nos imponha. Porque somos um sonho. Porque juntos, temos a impertinência de viver cores que tomam conta dos dias, devolvendo-lhes a brutalidade cromática que um dia um deus sonhou.


Em todos os momentos, o que somos podia ser escrito em palavras que não existem. Em palavras qu não exisitirão nunca. Uma vez mais, poque todas as palavras são uma clausura. E o carbono que dança entre os filamentos do nosso adn, é puro e, como todas as coisas puras, é infinito.


Mil vezes nos mergulhamos nas labaredas de uma história irepetível. Cada conversa, cada olhar, cada soriso, cada silêncio, cada gesto, cada quase gesto, cada tudo, cada nada, e cada tudo o que não é tudo nem é nada e é, ao mesmo tempo, tudo e nada, e, ao mesmo tempo ainda, quase nada e quase tudo alternadamente.


Isto que escrevo para ti é o movimento do meu corpo e do teu. Rasgando os dias, como se fôssemos vento. Rasgando os dias como se fôssemos enormes massas de água indomáveis. Rasgando os dias como se fôssemos labaredas de um fogo que apenas um deus poderia ter sonhado.

Isto que escrevo é o movimento do meu corpo e do teu. É a própria essência do amor. Só que o amor não tem essência. E o amor não existe. Mas nós violentamos as regras da lógica e do absurdo e o amor que não existe, existe quando entras na minha vida e a enches com toda a luz do mundo. E a essência que não existe do amor que não existe, existe quando entras nos meus dias e eu sinto que todas as cores do mundo se agitam em meu redor.


Vejo-te por entre uma embrriaguez de sentidos. Vejo-te por ente constantes desafios de pensamento e não pensamento. Vejo-te por entre uma realidade que não suporta a leveza do peso absurdo de duas almas que se amam na fragilidade invencível de um sonho.



Vejo-te por entre uma não realidade que se verga perante a violência divina de dois corpos que se fodem como se fodessem pela primeira vez, pela última vez, por todas as vezes. Como dois corpos que se fodem como se hasteassem bandeiras de sonho em locais desconhecidos de um um mundo sem nome a que eu chamo amor, a que eu chamo o teu próprio nome.


Somos uma lenda. Somos um poema. Somos algo que está perto disto. Algo que vive para lá das fronteiras.

Para lá do fim do mundo. Para cá do princípio do mundo. Onde não existem fomas de entrar ou sair da realidade.


Num mundo em que todas as portas estão fechadas.


Mas em que nós desenhamos janelas, e uma e outra vez, nos reencontramos enquanto o carbono dança, por entre os filamentos do nosso adn, essa dança de loucura, de sonho, de infinito, paixão e amor.


Ricardo

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